Bloquear gasodutos de nutrientes, principalmente de açúcar. Essa é a estratégia descoberta por cientistas da Northwestern Medicine Vanderbilt University.
O HIV tem um "apetite" voraz por açúcar, o que acaba sendo seu calcanhar de Aquiles. Após o vírus invadir uma célula imunitária ativa, usa nutrientes e açúcar da célula para se replicar e alimentar o seu crescimento em todo o organismo.
Os pesquisadores descobriram a chave que liga o abundante gasoduto de açúcar e de nutrientes da célula imune. Em seguida bloquearam o interruptor com um composto experimental, fechando o gasoduto e, assim, "matando de fome" o HIV, que foi incapaz de replicar-se em células humanas in vitro.
A descoberta pode ter aplicações no tratamento de câncer, que também tem um imenso apetite por açúcar e outros nutrientes das células, necessário para faze-lo crescer e espalhar-se.
"Este composto pode ser o precursor de algo que pode ser usado no futuro como parte de um coquetel para o tratamento de HIV para potencializar os medicamentos eficazes que temos hoje", disse Harry Taylor, professor assistente em Doenças Infecciosas da Universidade.
O HIV precisa crescer em um tipo de célula imunológica (células T CD4 +) que está ativa, o que significa que esta responde a patógenos no sangue.
A ativação do fornecimento do açúcar, e de outros nutrientes, é necessária tanto para o crescimento das células quanto do vírus,
Até agora ninguém sabia como dar o primeiro passo a fim de sinalizar uma célula T recém-ativada para estocar açúcar e outros nutrientes. Esses nutrientes tornam-se blocos de construção do material genético na célula do vírus, que ele necessita para crescer.
Os cientistas descobriram que o primeiro passo é ligar um componente celular, chamado fosfolipase D1 (PLD1), e, em seguida, usar um composto experimental para bloquear PLD1 e desligar o pipeline.
Esta é a primeira vez que se tem como alvo a capacidade do vírus de furtar nutrientes da célula para interromper o seu crescimento.
O composto também diminuiu a proliferação das células imunes ativadas de forma anormal. Medicamentos barram a expansão do HIV, mas não afetam o excesso de ativação anormal e o crescimento de células imunes que o vírus desencadeia.
Acredita-se que o excesso de crescimento celular imune contribua para a persistência do HIV ao longo da vida e conduz ao excesso de inflamação que causa danos em órgãos prematuramente em soropositivos, mesmo quando o vírus é suprimido por medicamentos.
"Talvez esta nova abordagem, que retarda o crescimento das células do sistema imunológico, pode reduzir essa inflamação perigosa e impedir a persistência do HIV ao longo da vida," explica Taylor.
O estudo foi publicado na revista PLoS Pathogens.
O estudo foi publicado na revista PLoS Pathogens.