quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Terapia genética pode ser chave para cura do HIV

Imunoterapia inovadora oferece uma nova e promissora estratégia para combater o HIV, tornando possível aos soropositivos suprimir o vírus, mesmo após a interrupção do tratamento medicamentoso.

A biofarmacêutica Argos Therapeutics apresentou os resultados de ensaios clínicos para a terapia AGS-004 no início deste ano na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas, em Boston. A empresa relata que alguns participantes do estudo passaram meses sem medicação e permaneceram indetectáveis.

AGS-004 imuniza o paciente para o HIV por induzir o sistema imunitário a gerar células T de memória anti-VIH, pois essas células podem persistir a longo prazo e o sistema imunológico é capaz de segurar carga viral por longos períodos. 

A idéia por trás do tratamento pioneiro é o de estabelecer uma resposta imune "que tem algum poder de permanência e que pode se auto-persistir com a esperança de ter um benefício clínico por mais tempo", diz Charles Nicolette, Ph.D., diretor científico da Argos Therapeutics e vice- presidente de pesquisa e desenvolvimento.

A pesquisa Argos oferece razão para otimismo. Durante os ensaios clínicos de Fase IIa, os pesquisadores pararam a terapia antirretroviral em pacientes com HIV, durante 12 semanas. Com a ajuda da AGS-004, cerca de 70% dos pacientes desenvolveu uma resposta imunitária que lhes permitiu manter cargas virais indetectáveis ​​durante longos períodos de tempo.

Além disso, um estudo separado por David Margolis e sua equipe da Universidade da Carolina do Norte, com foco em pacientes com infecção aguda pelo HIV, produziu resultados ainda mais promissores. Quando administrado a seis doentes que tinham começado o tratamento antiretroviral no prazo de 45 dias de infecção primária pelo HIV, AGS-004 foi capaz de induzir respostas imunes em todos os pacientes, um dos quais manteve controle viral, enquanto em tratamento, há quase nove meses. 

Estes resultados indicam que um indivíduo saudável é, de um ponto de vista imunológico, o mais provável a gerar resposta desejada contra o vírus após a terapia AGS-004.

Os pesquisadores dizem que AGS-004 é eficaz porque, ao contrário de outras terapias, é personalizado. Pessoas com HIV podem ter infecções descontroladamente diferentes. "O HIV persiste tão bem e é tão eficaz devido à sua alta freqüência de mutação", observa Nicolette. "Por ser alterado de forma contínua, a diversidade de espécies virais, que existe num paciente que tenha sido infectado por um longo período de tempo, é enorme. Nós queríamos fazer a pergunta: se combinarmos imunoterapia com as próprias mutações virais específicas do paciente, podemos mediar algum benefício clínico?"

A terapia envolve a tomada de uma pequena amostra de plasma sanguíneo de um paciente e as células dendríticas, que são capazes de ativar as células T. A amostra é utilizada para isolar o material genético que representa a infecção do paciente e, em seguida, programar as células dendríticas para atingir antigénios ou geradores de anticorpos. Estas células são, em seguida, misturadas com o plasma e injetadas no paciente, com a expectativa de que elas vão tornar as células T propícias a combater uma versão particular do vírus do paciente.

A Argos vai dar continuidade em ensaios clínicos, sendo um deles previsto para acontecer junto a jovens com HIV que estão em terapia anti-retroviral desde o nascimento. Outro estudo em andamento visa erradicar o vírus em pacientes usando AGS-004, em conjunto com a terapia antilatente, que tem como alvo o HIV dormente no corpo.

Mas o métedo é uma cura? "Obviamente ainda é muito cedo para afirmar", diz Nicolette. "Mas mesmo um sucesso parcial em mostrar a diminuição do número de células infectadas de forma latente em pacientes, seria um passo em uma direção positiva."


Fonte: http://www.hivplusmag.com/treatment/research-breakthroughs/2014/09/04/gene-therapy-may-hold-key-hiv-cure-if-government-allows-

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