segunda-feira, 1 de junho de 2015

Mais simples e barato, tratamento contra HIV é testado

Novo tratamento com dois fármacos anti-retrovirais, um deles genérico, é igualmente eficaz que o tratamento triplo habitual contra o HIV


Um novo tratamento com dois fármacos anti-retrovirais, um deles genérico, igualmente eficaz que o tratamento triplo habitual contra o HIV, tem a mesma tolerância e é mais barato, segundo um estudo dirigido pelos hospitais espanhóis.

O estudo, que foi publicado nesta segunda-feira pela revista "Lancet Infectious Diseases", confirma que é possível simplificar o tratamento do HIV com a mesma eficácia que os fármacos atuais, segundo explica o chefe do Serviço de Doenças Infecciosas e HIV do Hospital Clínic de Barcelona, Josep María Gatell.

Como a infecção pelo vírus do HIV se transformou em uma doença crônica graças aos fármacos que impedem sua replicação, os médicos estão buscando estratégias terapêuticas que simplifiquem o tratamento para melhorar a aderência dos pacientes e o custo-benefício. 


Assim, o estudo desenhado e coordenado pelo diretor científico do grupo de Aids e Doenças Infecciosas do Hospital La Paz de Madri, José R. Arribas, e pelo doutor Josep María Gatell, demonstra que o tratamento com dois fármacos anti-retrovirais tem a mesma eficácia e o mesmo grau de tolerância que o tratamento triplo padrão.

Gatell lembra que as pessoas infectadas pelo vírus do HIV têm que seguir com um tratamento anti-retroviral, que, embora não cure a infecção, consiga diminuir a carga viral até níveis indetectáveis e o risco de transmissão do vírus, com o qual as pessoas infectadas possam levar uma vida sã.

No entanto, os guias clínicos atuais ainda recomendam seguir com um regime anti-retroviral padrão com três fármacos quando os pacientes conseguiram controlar a carga viral.

O estudo, em que participaram 250 pacientes de 32 hospitais da Espanha e França, compara um tratamento dual com o tratamento padrão com três fármacos.

Os pesquisadores administraram o tratamento dual com um inibidor da protease, 'lopinavir-ritonavir', e um inibidor da transcriptase inversa -enzima necessária para que o vírus se replique-, a 'lamivudina', ou continuaram com o tratamento triplo que já estava sendo ministrado nos pacientes com estes dois fármacos, mais outro inibidor da transcriptase inversa. 

Os resultados demonstraram que a combinação de dois fármacos permite manter a carga viral baixa com a mesma eficácia e melhor tolerância que com três. Gatell acredita, além disso, que "o estudo abre as portas para testar outras combinações duplas em paciente selecionados e com carga viral já indetectável".

Por seu lado, o doutor Arribas considera que graças aos resultado do estudo "dispomos de uma estratégia de tratamento contra o HIV que vai evitar aos pacientes alguns efeitos tóxicos. Além disso, representa uma economia, já que são utilizados só dois remédios e um deles já é genérico".

No estudo, financiado por Abbvie Pharmaceutical, participaram também pesquisadores de outros hospitais espanhóis e vários franceses.


P.V.

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