Pesquisa para Cura do HIV ganha força a partir de Novos Financiamentos
da amfAR
Sete equipes de cientistas
de renome compartilham cerca de US $ 2,4 milhões para os esforços de
colaboração para prosseguir a erradicação do HIV / AIDS
NOVA YORK, 09 de julho de
2014 - Já se passaram seis anos desde que o primeiro caso de cura foi relatada
em um homem soropositivo com leucemia que recebeu transplante de células-tronco
de um doador com uma mutação genética rara e que confere resistência à infecção
pelo HIV. O caso do "paciente de Berlim" levantou tantas perguntas e
isso mudou drasticamente a trajetória de pesquisa em HIV/AIDS.
Entre os
destinatários da última rodada de bolsas de pesquisa com foco em cura da amfAR,
os principais pesquisadores de todo o mundo vão continuar a investigar com
precisão como o paciente de Berlim foi curado e irão explorar outras
estratégias de cura em potencial que poderiam, um dia, ser aplicadas a milhões
de pessoas vivendo com HIV / AIDS.
As novas bolsas, totalizando
cerca de US $ 2,4 milhões, apoiarão o trabalho de sete equipes de cientistas
que trabalham dentro do Consórcio de Pesquisas da amfAR para a erradicação do HIV (ARCHE), uma
iniciativa lançada em 2010 para explorar potenciais estratégias para eliminar a
infecção pelo vírus. Isto traz o investimento da amfAR em pesquisa com foco na
cura para mais de US $ 6 milhões até agora neste ano.
"O caso do paciente de
Berlim foi um desenvolvimento seminal em pesquisa de HIV/AIDS e fez com que
muitos na comunidade científica pensassem, pela primeira vez, que uma cura era
realmente possível", disse o CEO Kevin amfAR Robert Frost. "Isso
certamente reforçou o compromisso da amfAR para encontrar uma cura, e nosso
programa ARCHE é um reflexo de nossa busca constante para trazer esta epidemia
ao fim ".
Muitos pesquisadores de todo
o mundo têm tentado, até agora sem sucesso, replicar o caso de Timothy Brown (o
paciente de Berlim) para determinar quais foram os componentes cruciais de uma
intervenção de quimioterapia altamente complexa, que resultou na erradicação total
do vírus no corpo do paciente, devido a mutação genética presente nas células.
O maior prêmio nesta rodada de subsídios apoiará um consórcio de pesquisadores
europeus, incluindo Gero Hütter, médico oncologista responsável pela cura de
Brown, para estudar os resultados dos pacientes com HIV que sofrem diferentes
tipos de transplantes de células-tronco. Os pesquisadores europeus, liderados por
Javier Martinez-Picado, da Espanha, e Annemarie Wensing, PHD do Centro Médico
da Universidade de Utrecht, na Holanda, estudam vários pacientes com HIV que
necessitam de transplantes de células-tronco transplantes e para os quais
esperam gerar novos conhecimentos que possam gerar informalções amplamente
aplicáveis.
Enquanto isso, outra equipe
de pesquisadores, liderada por Vanderson Rocha, PHD do Serviço Nacional de
Saúde de Oxford, vai pré-selecionar um grupo de doadores de células-tronco com
mutação genética do CCR5 -Delta32, que torna as pessoas altamente resistentes à
infecção pelo HIV e é creditado como responsável para a cura de Timothy Brown.
Naturalmente presente em cerca de 1% a 2% dos caucasianos, a mutação é mais
prevalente no Norte da Europa e os pesquisadores vão centrar a sua atenção
inicialmente em bancos de sangue de cordão na Suécia e na Finlândia. Eles esperam
determinar quais os doadores, com base em seus tipos de tecidos, têm maior
potencial para abrigar a mutação genética CCR5.
Já uma equipe de pesquisadores dos
EUA recebe financiamento para enfrentar um dos desafios mais prementes da
pesquisa do HIV: determinar se as pessoas cujo HIV caiu para um nível
indetectável foram curados, ou se os testes atuais simplesmente não são
sensíveis o suficiente para detectar todos os últimos remanescente de vírus. Em
um estudo amfAR, financiado recente, Timothy Henrich, do Hospital Brigham and
Women, em Boston, descreveu dois pacientes que receberam transplantes de
células-tronco para tratar o câncer e que eram portadores de HIV, mas após a
cirurgia não poderia mais ser detectados usando os testes mais sofisticados
disponíveis. Quando os pacientes deixaram de tomar a terapia anti-retroviral, o
vírus finalmente voltou, indicando que não tinham sido curados.
Dr. Henrich irá
colaborar com Ramesh Akkina, Ph.D., da Universidade Estadual do Colorado, em um
esforço para infundir células retiradas dos pacientes de Boston antes do
ressurgimento de carga viral em ratos geneticamente modificados para conter um sistema
imunológico humano. Se os ratos tornarem-se infectados, isso representaria um
teste mais sensível da persistência do HIV do que qualquer outro teste disponível
no momento.
"O programa ARCHE da
amfAR continua sua tradição de identificar as questões importantes e orienta o
financiamento para pesquisas mundiais" disse o Dr. Rowena Johnston, vice-presidente
e diretor de pesquisa da amfAR. "Estamos extremamente animados com os
resultados que estes financiamentos possam render e confiantes de que vão abrir
uma série de novos caminhos para a cura".
Equipes de investigação
financiados pela ARCHE e seus projetos:
Ramesh Akkina – Universidade
do Colorado e Timothy Henrich - Hospital
Brigham and Women
Valor: U$$ 250.837,00
Desvendando o reservatório
de HIV latente utilizando camundongos humanizados para avaliar amostras de
sangue dos pacientes de Boston.
Nicolas Chomont, PHD do Instituto
de Vacinas e Terapia Genética da Flórida
Valor: US$ 584.118,00
Identificar e orientar a
persistência em subpopulações de células T durante TARV. Em seu primeiro ano de
financiamento, Chomont e seus colaboradores descobriram que o HIV tende a
persistir em diferentes graus e em diferentes formas, dependendo do subconjunto
de células T. Eles pretendem continuar o trabalho durante este segundo ano de
financiamento ao caracterizar os mecanismos que podem operar em diferentes
subpopulações de células T, que permitem o estabelecimento e persistência de
reservatórios de HIV. Seus estudos devem culminar na determinação de diferentes
tipos de células T que abrigam o vírus HIV, de maneira que se tornam difícil de
exterminar.
Scott Kitchen, PHD da
Universidade da Califórnia
Valor: US$ 300.000,00
Programação de
células-tronco com um receptor antígeno quimérico para erradicar o HIV: Uma
razão pela qual a infecção pelo HIV não pode ser eliminado pelo sistema
imunológico é que a própria infecção mata muitas células do sistema imunológico
e deixa as outras células do sistema imunológico disfuncional.
O pesquisador e sua equipe passou
o primeiro ano de financiamento estudando
a engenharia genética das células-tronco que poderiam potencialmente refletir
em uma auto-renovação e tornarem-se
impermeáveis aos efeitos do vírus. Para este segundo ano de financiamento, pretende
transplantar as células em macacos que foram infectados com um vírus SHIV, uma
fusão entre o HIV e SIV, um vírus que infecta naturalmente macacos. Eles irão
medir a extensão à qual as células imunitárias transplantadas são capazes de
reduzir ou até mesmo eliminar o vírus a partir dos macacos infectados. Se for bem
sucedida, a descoberta pode servir como base para abordagens de terapia
genética que poderiam ser usadas de forma
mais ampla em pessoas infectadas.
Javier Martinez-Picado, PHD
da Irsi Caixa, Espanha
Valor: US$ 591.209,00
Transplante alogênico de
células-tronco em indivíduos infectados pelo HIV: O primeiro caso de cura de
HIV ocorreu no intitulado paciente de Berlim, que recebeu um transplante de
células-tronco na Alemanha para tratamento de câncer, e o qual recebeu
transplante contendo células com a mutação CCR5 delta-32. Muitos pesquisadores
de todo o mundo têm tentado, até agora sem sucesso, replicar este caso para
testar quais eram os componentes cruciais da intervenção - a quimioterapia, a erradicação
total do vírus no corpo, a mutação genética presente nas células transplantadas-.
Devido a referiada mutação genética ser mais comum na Europa, a equipe do
pesquisador criou um consórcio para testar em europeus portadores de HIV e que
necessitam de transplantes de células-tronco, visando replicar a experiência do
paciente de Berlim. Assim, é possível estudar as diferenças nos resultados de portadores
soropositivos que se submetem a transplantes semelhantes, contra diferentes procedimentos de transplante
de células-tronco. Este consórcio apresenta uma oportunidade única para saber
exatamente como a cura foi alcançada no paciente de Berlim e usar esse
conhecimento para construir intervenções que poderiam ser aplicados de forma
mais ampla.
Vanderson Rocha, PHD do Serviço
Nacional de Saúde Blood de Oxford, Reino Unido.
US$ 126.600,00
Unidades de sangue do cordão
umbilical de testes para CCR5Δ32: Estudo
de coorte prospectivo e observacional que pretende descobrir e gerar outros
casos de erradicação do HIV semelhante ao "paciente de Berlim". Rocha e equipe pretendem levar um complemento
fundamental para este trabalho, ou seja, pré-triagem do sangue de cordão
umbilical de doadores cujas células-troncos apresentam mutação homozigoto e heterozigoto nas células CCR5. O
trabalho vai se concentrar inicialmente em apenas dois bancos de sangue do
cordão umbilical, na Suécia e na Finlândia, os quais apresentam maiores taxas
de mutações CCR5 no norte da Europa. Eles pretendem incluir outros quatro
bancos de sangue de cordão na Europa, caso não encontrem amostras suficientes nos
dois países. Este projeto também tem a capacidade de lidar com uma questão de
pesquisa que pode ser crucial para programas em outras regiões do mundo, a qual
os doadores, com base em seus tipos de tecido, têm o maior potencial para abrigar
um CCR5.
Robert Siliciano, M.D., PHD do Johns Hopkins University,
Baltimore, EUA
Valor: US$ 360.000,00
Na década de 1990, a equipe de Robert Siliciano desenvolveuum
teste conhecido como ensaio de conseqüência viral, com a finalidade de medir o
tamanho do reservatório de HIV que persiste apesar da terapia anti-retroviral.
Durante o financiamento ARCHE anterior, os pesquiadores dessa equipe descobriu que o
reservatório de HIV pode ser 60 vezes maior do que se pensava anteriormente.
Agora, os pesquisadores pretendem acompanhar esses estudos mais de perto e determinar
o grau em que as drogas que estão sendo testadas para reativar o vírus fora de
latência podem afetar esses santuários de HIV e, assim, descrever os fatores
envolvidos na determinação de quais vírus saem do esconderijo, enquanto outros
permanecer latente. Estes estudos fornecem pistas sobre as alterações que podem
ser feitas para os esforços atuais rumo à cura.
Guido Silvestri, do Yerkes National Primate Research Center,
Atlanta, EUA
Valor: US$ 180.000,00
Análises Viro-imunológicos
de reservatórios SHIV em macacos submetidos a TACTH: Dr. Silvestri e sua equipe
também espera mais pesquisas e resultados sobre como a cura do paciente de
Berlim aconteceu. Na sua abordagem, pretende infectar e, em seguida, realizar o
transplante de células estaminais em três macacos, usando a maioria, mas não
todos os procedimentos realizados no paciente Berlim. Assim, o objetivo é determinar
a extensão em que o procedimento de transplante muda o tamanho do reservatório
e/ou os tipos de células em que o vírus persiste e se o transplante afetou a
capacidade do sistema imunitário para combater o vírus. Tal como acontece com o
estudo europeu, o conhecimento adquirido pode fornecer pistas para a elaboração
de uma cura que possa ser amplamente utilizada.
Sobre a amfAR
A amfAR, Fundação para
Pesquisa da AIDS, é uma das organizações sem fins lucrativos e líder mundal no
que tange ao apoio das pesquisas de Aids, prevenção, educação, tratamento e defesa de políticas públicas relacionadas ao
HIV e AIDS. Desde 1985 investiu mais de US$ 388 milhões em seus programas e já
distribuiu mais de 3.300 subsídios às equipas de investigação em nível mundial.
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